Wednesday, January 11, 2012

A VANTAGEM DO MARRECO

Quem inventa o instrumento assegura, afinal, o resultado, pois o instrumento condiciona o desempenho humano, cujo, através do uso e interpretação do instrumento, leva ao melhoramento ou criação de novo instrumento, que condiciona o desempenho humano.
O material tem sempre razão, contudo há sempre uma volta desconhecida a dar-lhe, ali à nossa espera, e a curiosidade é um vício que se instala cedo. Ao fim de alguns anos de experiências, os inconvenientes da curiosidade tornam-se óbvios. Sem entrar em mais pormenores, um deles é que se acaba com uma diversidade de obra em cima dos braços que exige desesperadamente seleção.

Tinha prometido uma visita guiada à minha última exposição, a acompanhar uma escolha de obras, mas passou-se tanto tempo depois disso que deixou de fazer sentido. Vão ter que fazer a visita pela reportagem (dois posts baixo) da televisão local. Vou passar diretamente às conclusões finais.
Eliminadas estão obras mais velhas que quinze anos, passe a qualidade e o apelo que possam ter para os interessados, pois não me vejo a regressar tanto no tempo e no estilo. Sobraram, depois de olhar com atenção para as obras expostas (tenho tendência para as esquecer), e consultadas algumas opiniões externas, os três exemplos abaixo.

DIGITAL
Apesar da resistência generalizada dos apreciadores e editores sérios da arte ao desenho feito diretamente em computador, as magníficas reproduções que vieram de Beja para a exposição da Amadora fizeram boa figura. Os mais reticentes não as elegeram como o melhor da exposição, mas ninguém se atreveu a dizer mal, cara a cara com elas. É caminho que vou continuar a trilhar, em havendo tempo e condições.
Do exemplo abaixo podem ver outras versões neste blog. Material: Flash. Vantagem: cabe tudo numa caixinha, combate os vícios da excelência, presta-se a um sem número de novas experiências e corrige-se e adapta-se com facilidade. Desvantagem: faz doer as costas e pode provocar tendinites.

MEDUSA
Esta é uma história infantil feita em conjunto com Nina Govedarica, a primeira experiência no género para ambos. Outras histórias estão na calha, caso haja tempo e condições (de todos os editores contactados apenas um respondeu, negativamente e cerca de ano e meio depois... por este andar...), mas gostámos tanto do resultado, apesar de ainda haver muitas coisas a resolver, que vamos fazer um esforço suplementar. A aprovação foi geral, tanto mais que as ilustrações funcionam melhor ao vivo. Material: lápis (eu) e acrílico (Nina). Vantagem: é bonito e trabalhar a dois é estimulante. Desvantagem: os editores dormem.

CHEZ, MARRECO!
O vencedor, por estranho que pareça, foi o Marreco, na técnica aqui utilizada (que condiciona, como já se viu, o desempenho). Apesar da aprovação não ter sido tão unânime como para o infantil, teve votos de peso, entre eles o de Jean Schulz. O exemplo abaixo foi publicado num jornal local, Grandamadora, nos finais do século passado e é herdeiro da técnica utilizada na página apresentada no post anterior. Podem ver mais exemplos desta sob a designação LABELS/INK FLOW, ou folhear o livro através do link yudu.com (coluna da direita sff). Material: tinta permanente aguada sobre papel Canson mi-teintes, aparo Rotring macio trabalhado de costas (o aparo). Vantagem: presta-se à espontaneidade e à facilidade da tradução da ideia para o papel (pode facilmente ser executado sem esboço) e o resultado é elegante. Desvantagem: está condicionado por um tipo de material, neste caso o aparo, o que é muito irritante, sobretudo num país com falta crónica de materiais de que precisamos num dado momento.











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